sábado, 30 de maio de 2009

ANTONIO LARA MENDES

MÚSICA : O VALE DO RIBEIRA

MÚSICA :VALE DO RIBEIRA

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Palavras Vivas

POESIA: ANTONIO MATHEY

Colaboração: Laerte Camargo Araújo

POESIAS: DOMINGOS BAUER LEITE

ENQUANTO TEMOS MÃE

(dos "Annaes Franciscanos" - 1924)

Tombar na lucta, pouco importa ao homem;
Soffrer na vida, ao homem pouco importa;
Paixões e dores nunca nos consomem;
Não há desdita que nos bata a porta;

Olhamos tudo, rindo para tudo;
No prórpio pranto nós achamos goso;
A terra traja um verde, qual veludo,
(aos nosso olhos) d'um macio sedôso;

As raras magoas passam como os sonhos:
D'aquelles sonhos, de manhã, esquecidos;
E tantas vezes temos dias risonhos!
Oh! quantos dias felizes são vividos!

Não há, no lar, momentos de fadiga;
Cantamos, rimos, n'um gosar eterno
-Enquanto ouvimos uma voz amiga
Que diz: - Meu filho, com amor materno;

Enquanto temos mãe e seus carinhos;
Enquanto ao nosso lado ainda ella está
Gosando o riso ingenuo dos netinhos
Que, quasi sempre, chamam-lhe "Nhanhá";

Ou dando em vão, conselho ao filho e à nora
Que quer por um delles de castigo...
Ladino, já, o pequeno, vendo-a, chora
e corre para a avó - seu doce abrigo!...

Mas, quando um dia, Oh! céus, a morte a leva
p'ara nunca mais a vermos - nunca mais! -
Nos deixa dôr! soluço! magoa! treva!
Saudade infinda! pranto! tristes ais!

Magoa e soluço - tristes como a dôr!
Soluço e dôr - mas triste do que a magoa!
E' lucto e treva, onde era luz do amor
-Do amor de mãe...Ai! me enche os olhos d'água...

No céu se apaga a estrella d'antes bella

e nunca mais clareia a luz de outr'ora.
A briza passa...Que saudade d'ella!
Quanta tristeza tem a tarde agora!...

Chóra o bom filho o fim d'uma existencia
tão util, tão amada e tão querida;
Mas reflectindo, acceita com paciencia:
-Pois d'esta morte nasce a eterna vida.

Xiririca, 1924 - DOMINGOS BAUER

Fonte: "O IGUAPE", 15 de março de 1925 - ANNO I - Num. 28

Miracatu, 21 de maio de 2009.

Colaboração: Laerte Camargo Araújo

terça-feira, 19 de maio de 2009

MIRACATU ENTRE OS ANOS 1979 E 1980

"MEU MIRACATU É SUBLIME"

LEMBRAM-SE DE NOSSA CIDADE?
MUITOS ANOS SE PASSARAM, O PROGRESSO CHEGA...
MAS NUNCA DESTRÓI DE NOSSA ALMA AS LEMBRANÇAS VÍVIDAS E LATENTES QUE NÃO CANSAM DE NOS ACOMPANHAR.
SE A FELICIDADE É ALGO QUE NOS FAZ BEM, ENTÃO ESTAMOS NO MESMO BARCO RUMANDO POR NOSSA PRAINHA DO PASSADO PARA ATRACARMOS NA REALIDADE QUE NOS IMPULSIONA E NOS UNE.
JEHOVAL JUNIOR



COLABORAÇÃO: LAERTE DE CAMARGO ARAÚJO

VALE DO RIBEIRA

A PARTIR DE ONTEM MAIS PEDÁGIOS

POESIA DE DOMINGOS BAUER LEITE

PESQUISA E COLABORAÇÃO: LAERTE DE CAMARGO ARAÚJO

RESGATE DE POESIAS

PESQUISA E COLABORAÇÃO: LAERTE DE CAMARGO ARAÚJO

Miracatu em foco

Batucajé

sábado, 16 de maio de 2009

Imigração japonesa no Brasil


Chegada dos imigrantes japoneses ao Brasil para desenvolverem o trabalho na lavoura

a imigração japonesa

a imigração japonesa

Apesar de termos notícias de japoneses habitando o Brasil antes de 1908, foi a chegada do navio japonês Kasato Maru ao porto de Santos que marcou o início da imigração japonesa ao Brasil. A abolição da escravatura, levou a um período de necessidade de mão-de-obra barata nas lavouras brasileiras. Já o Japão passava por uma intensa crise econômica causada pelo alto investimento militar para garantir as mudanças impostas pelo imperador Meiji. Era, portanto, um país com abundância de trabalho e escassez de mão-de-obra e outro à beira do colapso e com excedente populacional.

Sendo assim, os acordos entre os dois países começaram a ser discutidos ainda no final do século XIX e em 1892 já era permitida a entrada de japoneses no país. Porém, foram mais de 15 anos para que a primeira leva chegasse trazendo lavradores das regiões mais empobrecidas do Japão que vinham em busca de trabalho temporário com o qual pudessem juntar algum dinheiro e retornar para os seus lares.

Historiadores costumam dividir a imigração japonesa para o Brasil em quatro grandes períodos: 1908 - 1923, quando a grande massa de trabalhadores foi suprir de mão-de-obra as grandes lavouras cafeeiras, principalmente de São Paulo; 1924 - 1941, período no qual os trabalhadores começaram a fazer parte de projetos de colonização, em especial do noroeste do estado de São Paulo e do norte do Paraná; 1941 - 1950, época em que os japoneses já eram numerosos, inclusive em áreas urbanas, e sofreram as consequências da participação do Japão na Segunda Guerra Mundial; e, finalmente, o período de 1951 até os dias atuais, que se caracteriza pela assimilação dos imigrantes na sociedade brasileira e pela formação de colônias em áreas de fronteira agrícola como a Amazônia. Alguns estudiosos ainda destacam como um período independente o chamado movimento dekassegui, que teve seu início no limiar dos anos 90, quando os primeiros brasileiros naturalizados (issei) e descendentes de primeira geração (nissei) partiram para o Japão em busca de trabalho nas indústrias e fugindo da crise econômica brasileira.

No primeiro período, os grupos vinham do Japão pelo porto de Kobe e desembarcavam em Santos. Em ambas as cidades, haviam centros de triagem de migrantes. Em Kobe, era o Kobe Ijuu Center (Centro de Imigração de Kobe) e em Santos, a Hospedaria dos Imigrantes. Ambos os prédios são considerados atualmente de alto valor histórico. Candidatos vinham de várias áreas do Japão, em especial de províncias menos desenvolvidas. Chegando no Kobe Ijuu Center, eles eram examinados e aqueles considerados aptos recebiam instruções básicas e autorização para a viagem. Já no Brasil, após a triagem na Hospedaria dos Imigrantes, os grupos eram enviados para as fazendas de café.

Quanto à viagem, o governo do Estado de São Paulo arcava com 50% das despesas. A parte restante era financiada pelos proprietários de terra que deduziam o valor do salário dos trabalhadores. De acordo com os relatos, a grande maioria dos imigrantes sofriam escravidão por dívida, ou seja, o valor da passagem e de outras despesas era superfaturado de modo que era quase impossível de ser pago. Como faziam os escravos, muitos decidiam fugir das fazendas. A situação se tornou desconfortável ao ponto do governo japonês apelar junto ao brasileiro por condições mais humanas de trabalho. Os registros apontam que 32.266 japoneses chegaram no Brasil até 1923.

No segundo período, com o suporte do governo federal e de alguns governos provinciais do Japão, foram montadas companhias colonizadoras que compravam terras e as revendiam para os imigrantes japoneses. Foi o início da pequena produção familiar que levou os japoneses e seus descendentes ao posto de responsáveis pela produção de alimentos no Brasil. Em 1935, o governo brasileiro declarou que os japoneses eram responsáveis por 70% da produção agrícola do país. Nessa época, também, ganharam impulso os movimentos anti-nipônicos no país.

A Constituição de 1934 já apontava para o estabelecimento de cotas limitando a entrada de asiáticos no Brasil. O debate sobre o tema foi acirrado. Os contrários à presença de japoneses no país, usavam como argumentos o imperialismo do Japão (que em 1931, invadira a Manchúria e dava início a uma série de atitudes belicistas) e a “não-assimilação” de seus nacionais pela sociedade brasileira. Havia, ainda, grupos que diziam que os japoneses roubavam o trabalho dos brasileiros, devido à sua imensa capacidade de trabalhar. Aqueles que eram a favor argumentavam que a agricultura brasileira era, naquele momento, totalmente dependente do trabalho destes imigrantes e, portanto, bani-los seria, também, por fim à produção de alimentos para o mercado interno.

Lealdade ao imperador ou morte
Em 1938, o governo Vargas iniciou uma série de políticas que atingiram em cheio os imigrantes, em especial, os oriundos do Japão e da Alemanha, países tornados inimigos quando o Brasil pendeu para o lado dos Estados Unidos na guerra. Escolas japonesas foram fechadas, jornais e livros japoneses deixaram de circular. Por razões óbvias, cidadãos dos dois países foram proibidos de entrar no Brasil. A reação também não tardou. Uma das mais fortes veio da organização Shindo Renmei, que declarava lealdade ao imperador japonês. Formado em 1944, o grupo acreditava que as notícias que levavam a crer que o Japão seria derrotado não passavam de propaganda. Ao final da guerra, a comunidade nipônica no Brasil estava dividida em dois grupos: o makegumi ou derrotistas e o kachigumi ou vitoristas. A Shindo Renmei organizou vários atentados contra o grupo rival e, no período entre fevereiro de 1946 e janeiro de 1947, 23 pessoas foram mortas e 126 feridas por acreditarem no fim da guerra e na rendição do Japão.

A partir do ano de 1950, a imigração de japoneses ao Brasil foi retomada. Novas áreas começaram a receber japoneses, entre elas a Amazônia. Foi, também, a partir deste período, que os descendentes começaram a ser assimilados na sociedade brasileira. Até então, a resistência vinha de ambos lados. Os considerados “típicos” brasileiros não reconheciam os descendentes nipônicos no mito das três raças fundadoras do país. Os japoneses, por sua vez, ainda cultivavam o sonho de retorno e procuravam manter seu próprio mito de identidade monoética.

Porém, com o fim da segregação provocada pela guerra, a prosperidade atingida não somente na lavoura, mas em negócios étnicos e o sucesso acadêmico de seus descendentes, os japoneses passaram a ser vistos como uma minoria positiva. O número de casamentos interétnicos também cresceu, a despeito dos que ainda consideravam a necessidade da manutenção da unidade racial da colônia. O preconceito contra os ainoko (“filhos do amor” ou, em bom português, “filhos da carne”, nome que era dado aos mestiços) de algum modo perdurava, mas foi lentamente diminuindo com as gerações.

Segundo o consulado japonês no Rio de Janeiro, cerca de 200 mil japoneses aportaram em terras brasileiras.Eles e seus descendentes somam, atualmente, mais de 1.500.000 brasileiros que vivem em várias regiões do país e constituem a maior comunidade nipônica fora do Japão. Estima-se que, deste grupo, cerca de 300 mil vivam atualmente na terra de seus antepassados ou em movimentos pendulares entre os dois países. É o chamado “movimento dekassegui”, fruto da crise econômica e social brasileira e da falta de mão-de-obra que afeta o Japão. Hoje, os nikkei (descendentes de japoneses) sofrem no país de seus ancestrais o mesmo que estes viveram quando chegaram ao Brasil.

miracatu



domingo, 3 de maio de 2009

“Dissipação Visual” na década de 90

A cidade de Miracatu teve o privilégio de ser o foco irradiador e experimentar um grande movimento artístico intitulado “Dissipação Visual” que modificou a vida de jovens, artistas e simpatizantes sendo importante por lançar diversos artistas locais que militavam timidamente nas artes.

Tudo começou nas artes plásticas com o artista Osvaldo Matsuda, trazendo em sua bagagem intelectual um misto de conhecimentos que se fundiria posteriormente com várias histórias que proporcionou ao movimento uma linguagem única e até então nunca experimentada.

Nascido em Miracatu, Osvaldo Matsuda morou em São Paulo e estudou artes plásticas e na capital paulista já desenvolvia seus trabalhos que pendiam para a abstração dos elementos visuais.
Foi em seu retorno para Miracatu que conheceu muitas pessoas que se tornaram grandes amigos e lá delineou sua temática artística. Atuou no ensino de Educação Artística em Miracatu na E.E. “Profº Armando Gonçalves” desenvolvendo projetos que sempre atraíram grande número de público. Ministrou aulas de desenho e pintura e foi o articulador da Exposição “Novos Talentos” no antigo Salão Paroquial, atrás da Igreja Matriz.

Vários amigos foram somando forças por conta de seu talento e irreverência intelectualizada. Assim eu (Jehoval Junior), Julio Cesar Costa, Genésio Martins de Castro Júnior, Alex Magalhães, Nestor Rocha, Deco, Renato Cavalheiro, Shirley, Allan Müller, Jehovani Du Valle dentre muitos outros formaram o movimento que culminou com a “Dissipação Visual” que se utilizava do micro-cosmo, micro-universo para irradiar ao macro-universo a ecologia que deve ser preservada, os potenciais artísticos, a cultura de raiz e o centro desse equilíbrio: o Homem, habitante do Vale do Ribeira.

Não poderia ficar de fora é claro, a natureza em degradação e as potencialidades sólidas para a reversão do quadro de abandono e o isolamento que corrói e mata as perspectivas. Tudo vira arte para o artista Matsuda e a partir disso, obras, instalações e amizades foram sendo criadas alterando inúmeras vezes as expressões do artista sem perder em o seu foco. Assim, foi-se desenhando um multi-artista que passeou pela literatura, música (composição), declamação, artes plásticas, poesia, escultura.

Em grupo, a cidade de Miracatu pôde experimentar diversas exposições, apresentações musicais e teatrais, recitais e cafezinhos poéticos partindo de jovens que tinham em seu ideal a arte pela arte e o anseio de buscar nas raízes locais sua própria identidade buscando na arte a melhor forma de expressão.

Jehoval Junior
MTB: 52.172/SP
30 de abril de 2009.


Dissipação Visual
Por Genésio Martins de Castro Júnior

Dissipação Visual não é nada de tão definido, ditador de estéticas e modas, modismos, modernidade, a última novidade cultural (O Manifesto).

Nós temos consciência do relativismo de valores, seja qual forem eles (de que ordem for). Dissipação Visual é um trato com o mundo na sua totalidade internacional (global) ou nacional (atribo). Existe uma influência mútua, ou melhor, troca de valores. O que se realiza na tribo tendo consciência do que se realiza no mundo. Um exemplo: as nossas realizações culturais no Vale do Ribeira devem levar em conta nossas raízes, aliás, sua origem histórica, sua cultura, individualismo, enfim suas peculiaridades próprias. Sem, no entanto sua antena, sua parabólica-saber estando em sintonia com o global, o mundo todo – sem preconceitos e sem limites puritanos, provincianos, estreitos e mortais.

Dissipar é desaparecer, dispersar. A nossa função é dissipar as contradições do passado, os excessos e absurdos. Dissipar até mesmo o que nos oferecem através da cultura para encantar nossos olhos, corações e mentes.

Por mais paradoxo que seja nós iremos dissipar para absorver e daí reler o passado, criticá-lo para apontar o futuro. O passado presente no presente (mediador entre os dois) para gerar o futuro com união e sem exclusão.

Dissipação Visual é quase isso, por ser muito mais que conseguimos explicar. Alguma semelhança com antropofagia do Modernismo é facilmente explicado.
Explica-se da seguinte maneira: absorvemos esse manifesto (a sua idéia) para depois dissipar no cosmo como uma nova leitura de nós mesmos e do mundo.

Genésio Marins de Castro Júnior
Poeta e crítico de arte
Este texto foi escrito por Genésio Júnior em 1993 definindo em poucas letras o movimento que estava em plena ebulição. O texto foi produzido para o Jornal Mural "Espaço de Todos" edição de nº 3 que não chegou a ser editado.

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